Nacional
“Há pouca ambição orçamental”
11 de Novembro de 2016
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Maria Luís Albuquerque criticou o que diz ser a "pouca ambição" política e orçamental do Governo, acrescentando que uma "boa notícia" para o executivo é "não acontecer uma desgraça". Falando numa conferência em Lisboa, a vice-presidente social-democrata teceu críticas ao que diz ser uma "tendência" comunicativa do Governo de "chamar boas notícias ao facto de determinadas más noticias não acontecerem" – Maria Luís Albuquerque deu o exemplo das agências de ‘rating' e das mais recentes previsões económicas da Comissão Europeia.
"No ano passado, no fim do ano, várias agências de ‘rating' estavam prestes a passar o país novamente para o nível de investimento, tendo inclusivamente passado o ‘outlook' de estável para positivo. (…) E a boa noticia verdadeiramente seria essa, que Portugal deixava de depender apenas de uma agência de ‘rating’ para ter acesso ao financiamento do Banco Central Europeu e passava a ter outras", advoga Maria Luís Albuquerque.
Contudo, lamenta, a "boa notícia" para o Governo nesta matéria é que a única agência que dá notação acima de ‘lixo' a Portugal - a canadiana DBRS - continua a manter o país nesse nível: "a boa notícia é que ainda não aconteceu a desgraça", ironizou a social-democrata.
Sobre as visões económicas de Bruxelas, a "boa notícia" destacada pelo primeiro-ministro "é que em 2018" Portugal vai estar "a crescer menos dois pontos percentuais" do que em 2015.
"Presumo que para o primeiro-ministro a boa notícia é que não nos disseram que vamos entrar em recessão amanhã. Tem sido sistematicamente assim: boa notícia é não acontecer uma desgraça. Que ambição é esta de um Governo que a única coisa que mostra como resultado do seu trabalho é que não morreu, o Governo ainda não se escangalhou, a maioria ainda não se desmanchou, ainda não perdemos o ‘rating', a Comissão Europeia não devolveu o Orçamento?", interrogou.
E foi mais longe: "Isto é suposto serem boas notícias para os portugueses porquê?", questionou ainda, acrescentando que "mesmo no programa de ajustamento", com PSD e CDs-PP no poder, "nunca se apresentaram como boas noticias não terem acontecido desgraças.
A vice-presidente do PSD lançou também farpas à proposta de Orçamento para 2017, declarando que o documento mostra uma "total falta de ambição" do Governo e procura a sua "mera sobrevivência a curto prazo".
No Orçamento, diz a antiga ministra das Finanças, "pouco mais consegue do que garantir o pagamento dos salários e mesmo assim, nalguns casos, vai ter de se ir buscar dinheiro a outro lado qualquer", o que é "muito pouco" e demonstra uma "total falta de ambição".
A dirigente do PSD adverte que se forem cortadas "todas as despesas do Estado, a ponto de paralisar os serviços", o que sobra é financiamento para pagar a funcionários que "não têm condições para fazer aquilo para que são pagos".
"E isso é o que me parece até mais triste nesta proposta de Orçamento. É o pouco que representa no sentido de ambição", continuou.
Depois, a antiga titular da pasta das Finanças citou o caso do ensino superior, nomeadamente o mais técnico e menos virado para as ciências sociais e que necessita, por exemplo, de "equipamentos de laboratório".
"As universidades se não tiverem dinheiro não conseguem fazer o seu trabalho como deve ser. E este é um exemplo que pode ser replicado em todas as outras atividades", realçou.
Maria Luís Albuquerque falava na conferência "Financiamento do Ensino Superior", organizada em Lisboa pelo núcleo de estudantes sociais-democratas do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), dia 10 de novembro.

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